terça-feira, 16 de junho de 2015

Alvorecer

Às vezes olho ao redor
Momentaneamente perdida
Sem saber que direção tomar
Completamente sozinha
Oh, não se enganem ao redor há muita gente
Mas dentro de mim é tudo vazio e solidão
As pessoas que antes eram como pedaços de mim
Que podiam completar minhas frases soltas, meus versos mudos
Hoje não compreendem nem mesmo umas simples palavras
Eu me cerco de livros e música, as únicas coisas que afastam
A dor que companha o vazio


Eu sei que talvez você não entenda
É um estranho estar solitário
Vem da alma mesmo
Quando coisas você diz, coisas simples
Tão cheias de significados e sentimentos
Como essas que lhe escrevo agora
Mas que caindo em ouvidos, ainda que ouvidos amados
Careceriam de sentido e se perderiam
Soterradas pelas coisas banais que consomem nosso dia-a-dia


Eu escrevo para não me perder
Eu escrevo para não me quebrar ainda mais
Eu escrevo quando já não consigo mais suportar
Tantas palavras se contorcendo dentro de mim
Procurando uma saída
E eu canto, mas não por cantar
Eu canto os sentimentos que minha alma precisa gritar
E eu sei que talvez você não entenda
E tudo bem
Por hoje eu só quero descansar
E esquecer a solidão que cerca este quarto vazio
Cheio de sentimentos que se perderão junto comigo
Mas tudo bem, tudo bem, eu repito
Enquanto me envolvo mais em mim mesma
E me consolo, me escuto, me entendo
Me desperto mais uma vez


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Lembranças de uma tempestade que nunca aconteceu

É engraçado como as coisas mudam.
Um dia você está contente. No dia seguinte não está mais.
Em um dia está rindo com amigos. No outro está rindo sozinho.
Em um dia muitas coisas mudam.
Em um ano as coisas mudam mais ainda.
E quanto mais anos se passam mais coisas mudam.
Até que você quase não reconhece mais a sua vida.
Ou aqueles a quem amava.
Ou até você mesmo.
As coisas mudam depressa.
A única coisa que não muda é o desejo de poder congelar o tempo.
Aquele breve espaço de felicidade absoluta em que vivemos em alguns momentos.
Mas eles sempre se vão.


A única coisa que não muda são as lembranças.
O riso preso na memória, aquela tarde em que nossos olhos pareciam brilhar juntos em uma paz harmônica que parecia que duraria para sempre.
Aquela risada congelada eternamente em meu coração.
O tempo não volta e a cada dia que passa ele leva um pouco do que fomos.
O que somos, senão aqueles instantes que cismam em voltar a nos assombrar no escuro, naqueles momentos que antecedem o adormecer?
O que somos, senão um gosto de algo que não provamos há muito tempo?
Um cheiro que parece vir de lugar nenhum que às vezes vem nos assombrar, exigindo ser reconhecido.
O que somos, senão uma sombra do que fomos?
O que éramos?
O que seremos você e eu?
Sim, você e eu.
Não mais nós. Não mais.