É engraçado como as coisas mudam.
Um dia você está contente. No dia
seguinte não está mais.
Em um dia está rindo com amigos. No
outro está rindo sozinho.
Em um dia muitas coisas mudam.
Em um ano as coisas mudam mais ainda.
E quanto mais anos se passam mais
coisas mudam.
Até que você quase não reconhece mais
a sua vida.
Ou aqueles a quem amava.
Ou até você mesmo.
As coisas mudam depressa.
A única coisa que não muda é o desejo
de poder congelar o tempo.
Aquele breve espaço de felicidade
absoluta em que vivemos em alguns momentos.
Mas eles sempre se vão.
O riso preso na memória, aquela tarde
em que nossos olhos pareciam brilhar juntos em uma paz harmônica que parecia
que duraria para sempre.
Aquela risada congelada eternamente em
meu coração.
O tempo não volta e a cada dia que
passa ele leva um pouco do que fomos.
O que somos, senão aqueles instantes
que cismam em voltar a nos assombrar no escuro, naqueles momentos que antecedem
o adormecer?
O que somos, senão um gosto de algo
que não provamos há muito tempo?
Um cheiro que parece vir de lugar
nenhum que às vezes vem nos assombrar, exigindo ser reconhecido.
O que somos, senão uma sombra do que
fomos?
O que éramos?
O que seremos você e eu?
Sim, você e eu.
Não mais nós. Não mais.
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